TAREFA >> 5. Leia «O Direito da Criança em Contribuir».

COMO VIVER COM AS CRIANÇAS

O Direito da Criança em Contribuir

Você não tem o direito de negar ao seu filho o direito de contribuir.

Um ser humano sente-se capaz e competente apenas enquanto lhe for permitido contribuir tanto ou mais do que contribuíram para ele.

Um homem pode contribuir em excesso e sentir-se seguro no seu meio-ambiente. Ele sente-se inseguro no momento em que contribui de menos, que é o mesmo que dizer, dá menos do que recebe. Se você não acredita nisto lembre-se de uma vez em que toda a gente trouxe alguma coisa para a festa e você não. Como é que se sentiu?

Um ser humano revoltar-se-á contra e desconfiará de qualquer fonte que contribua mais para ele do que ele contribui para ela. 

Os pais, naturalmente, contribuem mais para uma criança do que ela contribui para eles. Logo que a criança vê isto ela fica infeliz. Procura elevar o seu nível de contribuição; ao falhar, fica furiosa contra a fonte contribuidora. Ela começa a detestar os seus pais. Eles tentam ultrapassar esta revolta dando-lhe mais coisas. A criança revolta-se ainda mais. É uma má espiral descendente porque o fim disso é que a criança irá cair em apatia. 

Tem de deixar a criança contribuir para si. Não pode obrigá-la a contribuir. Não pode ordenar-lhe que corte a relva e depois considerar que é contribuição. Ela tem de descobrir qual é a sua contribuição e depois dá-la. Se ela não a escolheu, esta não é sua, mas apenas mais controlo. 

Um bebé contribui tentando fazê-lo sorrir. O bebé exibir-se-á. Um pouco mais velho, dançará para si, irá trazer-lhe pauzinhos, tentará repetir os seus movimentos enquanto trabalha, para ajudá-lo. Se não aceitar esses sorrisos, essas danças, esses pauzinhos, esses movimentos de trabalho, dentro do espírito com que lhe foram oferecidos, você começou a interromper a contribuição da criança. Agora ela começará a ficar ansiosa. Fará coisas impensadas e estranhas aos seus pertences, num esforço para torná-los «melhores» para si. Você ralha com ela. Isso acaba com ela.

Há uma outra coisa que entra aqui. E essa coisa é os dados. Como é que é possível uma criança saber como contribuir para si, para a sua família ou para a casa, se ela não tem nenhuma ideia dos princípios de funcionamento com que esta opera?

Uma família é um grupo com um objectivo comum de sobrevivência e progresso de grupo. A criança a quem não é permitido contribuir ou que não consegue compreender os objectivos e princípios de funcionamento da vida de família é posta à margem da família. É-lhe mostrado que ela não faz parte da família porque não pode contribuir. Logo torna-se anti-família — o primeiro passo no caminho para ser anti-social. Ela entorna o leite, incomoda os seus convidados e grita do lado de fora da sua janela na «brincadeira». Ela até ficará doente só para lhe dar trabalho. É-lhe demonstrado que ela não vale nada ao ser-lhe mostrado que ela não é suficientemente poderosa para contribuir. 

Você não pode fazer mais do que aceitar os sorrisos, as danças, os pauzinhos dos mais novos. Mas assim que uma criança possa compreender, deve ser-lhe contada toda a história do funcionamento da família. 

Donde é que vem a sua mesada? Como vai ali parar a comida? Roupas? Uma casa limpa? Um carro?

O pai trabalha. Ele gasta horas e a cabeça e esforço e por causa disso recebe dinheiro. O dinheiro, dado numa loja, compra comida. Cuida-se do carro por causa da escassez de dinheiro. Uma casa tranquila e estimada para o pai significa que o pai trabalha melhor e isso significa comida, roupas e carros.

A educação é necessária porque, depois de ter aprendido, uma pessoa ganha mais. 

A diversão é necessária para dar sentido ao trabalho árduo. 

Descreva-lhe completamente a situação. Se ela se tem revoltado, poderá continuar a fazê-lo. Mas ela acabará por deixar de o fazer.  

Em primeiro lugar uma criança precisa de segurança. Parte dessa segurança é compreensão. Um código de conduta invariável faz parte disto. O que hoje é contra a lei não pode ser ignorado amanhã.

Você pode de facto manejar uma criança fisicamente, para defender os seus direitos, desde que ela possa controlar o que possui e possa contribuir e trabalhar para si. 

Os adultos têm direitos. Ela tem de saber isto. Uma criança tem como seu objectivo, crescer. Se um adulto já não tem direitos, porquê crescer? Com o raio! De qualquer forma quem iria querer ser um adulto nos dias de hoje? 

A criança tem um dever para consigo. Tem de ser capaz de tomar conta de si; não uma ilusão de que o faz, mas fazê-lo realmente. E você tem que ter a paciência de deixar que ela cuide de si, ainda que de forma desleixada, até que, por pura experiência, e não devido às suas directrizes, ela aprenda a fazê-lo bem. Tomar conta da criança? Tolice! É provável que ela tenha uma melhor compreensão das situações imediatas do que você, um adulto maltratado. Apenas quando a criança está quase psicótica por causa da aberração é que ela terá propensão para acidentes. 

Você está bem e goza a vida porque não é a posse de alguém. Você não poderia gozar a vida se fosse vigiado cuidadosamente e se fosse a propriedade de alguém. Iria revoltar-se. E se a sua revolta fosse reprimida, você tornar-se-ia um subversivo. Isso é o que você faz do seu filho quando o possui, domina e controla. 

Potencialmente, pai, ela é mais sã do que você e o seu mundo é muito mais brilhante. Os seus juízos dos valores e da realidade são mais aguçados. Não os atenue. E o seu filho será um ser humano encantador, corajoso e bem-sucedido. Possua, controle, domine e rejeite e você terá o tratamento que merece – revolta subversiva.

quanto pior em que um indivíduo ou situação fica, maior capacidade ele ou ela tem para ficar pior. Espiral aqui refere-se a um movimento progressivo no sentido descendente, que marca um estado das coisas a piorar incansavelmente, e considerada a levar a forma em espiral. O termo vem da aviação onde costumava descrever o fenómeno de um avião a descer e a fazer espirais em círculos mais e mais pequenos, como num acidente ou façanha de voo perita, que se não for manejada pode resultar na perda de controlo e num despiste.

hostil ou perturbador da ordem social estabelecida; do comportamento que é prejudicial ao bem-estar das pessoas no geral; averso à sociedade ou companheirismo; pouco disposto ou incapaz de se associar numa forma normal ou amigável com outras pessoas; antagonista, hostil ou antipático para com os outros; ameaçador.

um afastamento do pensamento ou comportamento racional; pensamento ou conduta irracional. Isso significa, basicamente, errar, cometer enganos, ou mais especificamente, ter ideias fixas que não são verdadeiras. A palavra também é usada no seu sentido científico. Significa desvio de uma linha recta. Se uma linha deve ir de A até B, então se for aberrada iria de A para algum outro ponto, para algum outro ponto, para algum outro ponto, para algum outro ponto, para algum outro ponto, e finalmente chegava a B. Tomado neste sentido, também significaria a falta de retidão ou ver de uma forma distorcida como, por exemplo, um homem vê um cavalo, mas acha que vê um elefante. Conduta aberrada seria conduta errada ou conduta que não é suportada pela razão. A aberração é oposta à sanidade, que seria o seu oposto. Do Latim aberrare afastar–se de; de latim, ab, ao longe, errare, desviar–se.