TAREFA >> 16. Leia «Manejar a Exaustão no Mundo do Trabalho Diário».

MANEJAR A EXAUSTÃO NO MUNDO DO TRABALHO DIÁRIO

Trabalhar ou não trabalhar, eis a questão. Na mente da maioria das pessoas a resposta para essa pergunta é a EXAUSTÃO.

Depois de ter estado muito tempo num emprego e de ter sofrido abusos consideráveis nesse emprego, o indivíduo começa a sentir que continuar a trabalhar estaria muito para além da sua capacidade de resistência. Ele está cansado. Pensar em fazer certas coisas cansa-o. Ele pensa em aumentar a sua energia ou em ser capaz de se esforçar um pouco mais. Se fizer isso, ele está a pensar nos moldes errados, pois a solução para a exaustão tem pouco, ou nada, a ver com a energia.

A exaustão é um assunto muito importante, não apenas para um indivíduo envolvido em ganhar o seu próprio sustento, mas também para o Estado.

Scientology estabeleceu, de forma bastante completa, que o declínio do indivíduo começa quando ele já não é capaz de trabalhar. Tudo o que é necessário fazer para degradar ou transtornar um indivíduo é impedi-lo de trabalhar. Até a polícia já reconhece o princípio básico de Scientology de que a principal coisa que está errada no criminoso é que ele não pode trabalhar. E a polícia começou a procurar este factor no indivíduo para determinar a sua criminalidade.

O tema da exaustão é também o tema de «trabalho impedido». No caso dos soldados e marinheiros hospitalizados durante qualquer das recentes guerras, descobriu-se que a permanência de alguns meses no hospital tende a quebrar o moral do soldado ou marinheiro, a um ponto tal, que pode tornar-se de valor duvidoso uma vez de volta ao serviço. Isto não é necessariamente o resultado do decréscimo das suas capacidades. É o resultado do ferimento agravado pela inactividade. Ver-se-á que um soldado que é ferido e tratado num hospital de campanha próximo da «frente de combate», e que regressa ao serviço assim que ele consegue aguentar esses deveres, mantém, em larga medida, o seu moral. É claro que o ferimento recebido tem uma tendência para afastá-lo do nível de acção que ele outrora achou que era o melhor. Mas mesmo assim, ele encontra-se em melhor forma do que um soldado que tenha sido enviado para um hospital na «retaguarda». Enviar um soldado para um hospital na retaguarda é dizer-lhe, segundo o seu ponto de vista, que ele não é particularmente necessário na guerra.

Sem realmente tomar estes princípios em consideração, a palavra «exaustão» começou a ter um significado geral associado à «neurose». Isto baseou-se no facto de as pessoas que sofrem de neurose simplesmente parecem exaustas. Não há nenhuma outra ligação a não ser esta. Na realidade, uma pessoa a quem tenha sido negado o direito de trabalhar, particularmente alguém que sofreu algum ferimento e que a partir daí tenha sido impedido de trabalhar, acabará por cair na exaustão.

Descobriu-se tecnicamente, em Scientology, que não existe tal coisa como uma «diminuição gradual da energia do indivíduo devido a contacto contínuo». A pessoa não se sente exausta simplesmente porque trabalhou de mais ou por demasiado tempo. Uma pessoa sente-se exausta quando trabalhou o tempo suficiente, para reactivar a emoção e a dor de uma má recordação de algum ferimento antigo. Uma das características deste ferimento será a «exaustão». Sendo assim, a exaustão crónica não é o produto de trabalhar muitas horas e do esforço árduo. É o produto da acumulação dos choques e dos ferimentos que acontecem na vida, cada um dos quais com a duração de apenas alguns segundos ou horas e que, ao todo, talvez sejam apenas cinquenta ou setenta e cinco horas. Mas esta acumulação – a acumulação dos ferimentos, da repulsão e do choque – acaba por aumentar até se tornar numa incapacidade total para fazer seja o que for.

A exaustão pode, então, ser incutida numa pessoa, recusando permitir que essa pessoa, em criança, participe na sociedade. Ou pode ser inculcada numa pessoa pelos vários ferimentos ou choques que ela poderá receber na sua própria actividade. Resolva qualquer um destes dois pontos e terá resolvido a exaustão. Assim, a exaustão é na verdade o objecto de um profissional de Scientology – visto que só um Scientologist pode resolvê-la adequadamente.

Há, no entanto, um ponto que está abaixo da exaustão. Este é o ponto de não saber quando se está cansado. Um indivíduo pode tornar-se uma espécie de marioneta frenética que continua a trabalhar e a trabalhar e a trabalhar, sem sequer se aperceber de que está a trabalhar, e de repente desfalece de um cansaço que ele nem estava a sentir.

Aqui, o indivíduo não conseguiu controlar as coisas. Ele acaba por se tornar incapaz de lidar com qualquer coisa que se assemelhe sequer às ferramentas de trabalho ou a um ambiente de trabalho, e assim é incapaz de habitar esse ambiente ou de manejar essas ferramentas. O indivíduo pode, então, ser alvo de muitas palavras desagradáveis. Podem chamar-lhe «preguiçoso», podem chamar-lhe «vadio», podem chamar-lhe «criminoso». Mas a verdade é que ele é tão capaz de corrigir a sua própria condição – sem uma ajuda especializada – como seria capaz de mergulhar para o centro da Terra.

Há alguns meios de recuperar o vigor e o entusiasmo pelo trabalho, à excepção de trabalhar de perto com um profissional de Scientology. Estes meios são relativamente simples e muito fáceis de compreender.

Extroversão e Introversão

Temos, em Scientology, uma coisa a que chamamos INTROVERSÃO.

E uma outra a que chamamos EXTROVERSÃO.

A introversão é uma coisa simples. Significa «olhar demasiado para dentro».

A extroversão também é uma coisa simples. Não quer dizer mais do que «ser capaz de olhar para fora».

Poder-se-ia dizer que há «personalidades introvertidas» e «personalidades extrovertidas». Uma personalidade extrovertida é aquela que é capaz de ver o ambiente que a rodeia. Uma personalidade introvertida só é capaz de olhar para dentro de si própria.

Uma pessoa que é capaz de ver o mundo à sua volta, e vê-lo bastante real e brilhante, é claro que se encontra num estado de extroversão. Por outras palavras, ela consegue «olhar para fora de si». Também consegue trabalhar. Ela também consegue ver situações e manusear e controlar as coisas que precisa de manusear e controlar, e consegue ficar ao lado e observar as coisas que ela não precisa de controlar e, portanto, estar interessada nelas.

A pessoa que é introvertida é alguém que provavelmente passou pela exaustão há algum tempo atrás. Levaram-na a focar a sua atenção para cada vez mais perto de si (basicamente, devido a antigos ferimentos que ainda conseguem exercer influência sobre ela), até que ela está de facto a olhar para dentro de si e não para fora. Ele afasta–se de objectos sólidos. Não vê qualquer realidade nas outras pessoas e nas coisas que a rodeiam.

Agora tomemos o tema do trabalho.

O trabalho é «a aplicação da atenção e da acção a pessoas ou objectos situados no espaço».

Quando alguém já não é capaz de enfrentar pessoas, objectos ou o espaço em que estes se situam, ele começa a ter uma sensação de estar «perdido». A pessoa começa a mover-se numa bruma. As coisas não são reais para ela e ela é relativamente incapaz de controlar as coisas que a rodeiam. Ela tem acidentes, tem azar, tem as coisas a virar-se contra si simplesmente porque ela não está a lidar com estas nem a controlá-las, nem sequer a observá-las correctamente. O futuro parece-lhe muito mau, algumas vezes tão mau que não o consegue encarar. Pode dizer-se que uma pessoa assim está severamente introvertida.

No trabalho, a sua atenção está cravada nos objectos que normalmente estão, no máximo, apenas a alguns palmos de distância. Ela presta mais atenção aos objectos que estão ao alcance das suas mãos. Isto afasta a sua atenção da extroversão, pelo menos para algum ponto focal à frente da sua cara. A sua atenção fixa-se ali. Se isto coincide com algum antigo ferimento ou operação, é provável que fixe igualmente a sua atenção nalguns pontos ocorridos em tempos anteriores e fique restimulada, e assim ainda sentirá as dores, doenças e sensação de cansaço ou apatia, ou sub-apatia, que sentiu durante o momento do ferimento. Como a sua atenção está continuamente cravada naquele ponto, ela tem uma tendência para olhar para ali, mesmo quando não está a trabalhar.

Tomemos por exemplo um contabilista. Os olhos de um contabilista estão nos livros, a uma distância fixa dos seus olhos. Ao fim de algum tempo, ele acaba por ficar com «vista curta». Na realidade, ele não fica com vista curta, ele fica com uma «vista de livros». Os seus olhos fixam-se mais facilmente num certo ponto em termos de distância. À medida que fixa ali a sua atenção, ele tende a afastar-se até mesmo desse ponto, até que, por fim, nem é capaz de alcançar os seus próprios livros. Então, ele arma-se com óculos para conseguir ver os livros mais nitidamente. A sua visão e a sua atenção são, em grande medida, a mesma coisa.

Uma pessoa que tenha uma máquina, livros ou objectos continuamente à mesma distância de si, sai do trabalho e tende a manter a sua atenção fixa exactamente onde estava o seu trabalho. Por outras palavras, a sua atenção nunca chega a deixar o seu trabalho. Embora vá para casa, ela na realidade ainda está «sentada no escritório». A sua atenção ainda está fixa no seu ambiente de trabalho. Se este ambiente coincide com algum ferimento ou acidente (e quem é que já não teve pelo menos uma destas coisas?), ela começa a sentir fadiga ou cansaço.

Haverá uma cura para isto? Claro que só um profissional de Scientology poderia resolver completamente esta dificuldade. Mas há uma coisa que o trabalhador pode fazer.

Agora, aqui está o que ele não deve fazer, independentemente de ser um guarda-livros, um contabilista, um escriturário, um executivo ou um maquinista. O que ele não deve fazer é sair do trabalho, ir para casa, sentar-se e fixar a atenção num objecto que está mais ou menos à mesma distância que o objecto que ele confronta continuamente no trabalho.

No caso de um encarregado, por exemplo, que esteja continuamente a falar com homens que estão a uma certa distância de si, o que ele não deve fazer é ir para casa e falar com a mulher à mesma distância. Quando der por isso, ela estará a receber ordens como se fosse um trabalhador da oficina!

Decididamente, a coisa errada a fazer é ir para casa e sentar-se a ler o jornal, comer o jantar e ir para a cama. Se um homem seguisse a rotina de trabalhar o dia inteiro e depois sentar-se «para descansar» com um livro ou um jornal ao fim do dia, é certo que, mais cedo ou mais tarde, ele começaria a sentir-se bastante exausto. E depois, passado algum tempo, cairia ainda mais baixo do que isso e nem sequer se questionaria sobre a sua relutância em executar tarefas que no passado considerava muito fáceis.

Há uma coisa certa a fazer? Sim, há. Um indivíduo que esteja continuamente fixo em algum objecto de trabalho deveria fixar a sua atenção de uma forma diferente após as horas de trabalho.

Dar um Passeio

Aqui está um processo de Scientology conhecido por «Dar um passeio».

Este processo é muito fácil de executar.

Quando alguém se sente cansado ao terminar o seu trabalho, ele deve sair e dar voltas ao quarteirão até se sentir repousado – mesmo que só a ideia de fazer isso quase que seja mais do que ele consegue tolerar sem cair para o lado. Em resumo, ele deve dar voltas ao quarteirão e olhar para as coisas até que veja as coisas perto das quais ele está a andar. Não importa quantas vezes ele dê a volta ao quarteirão, ele deve andar à volta do quarteirão até se sentir melhor.

Uma solução muito simples para a exaustão é “Dar um Passeio”. A pessoa dá simplesmente voltas ao quarteirão e olha para as coisas.

À medida que se continua a andar à volta do quarteirão e a olhar para as coisas. . .

. . . a sensação de exaustão consegue dissipar–se, fazendo com que a pessoa se sinta com mais energia.

Ao fazer isto, a pessoa verifica que ao princípio fica mais animada e depois fica muito mais cansada. Fica tão cansada que ela agora «sabe» que deve ir para a cama e dormir uma boa noite de sono. Esta não é a altura para parar de andar, visto que ela está a caminhar através da exaustão. Ela está a «esgotar» a exaustão ao caminhar. Não está a resolver a exaustão por meio do exercício físico. O exercício físico sempre pareceu ser o factor mais importante para as pessoas, mas o exercício é relativamente irrelevante. O factor importante é desafixar a sua atenção do seu trabalho, para a pôr no mundo material em que ela vive.

Massas são a realidade. Para aumentar a sua afinidade e comunicação, a pessoa realmente precisa de ser capaz de confrontar e tolerar massas. Assim, verificar-se-á que passear à volta do quarteirão e olhar para os edifícios leva a pessoa a subir na Escala de Tom. Quando a pessoa está tão cansada que mal se pode arrastar, ou está tão cansada que está frenética e incapaz de descansar, torna-se realmente necessário que ela confronte massas. Ela está simplesmente em baixo na Escala de Tom. Até é duvidoso que exista tal coisa como uma «queda de energia física». Há naturalmente um limite para este processo. Não se pode trabalhar o dia inteiro, passar a noite a dar voltas ao quarteirão e depois voltar ao trabalho no dia seguinte, e mesmo assim esperar sentir-se aliviado. Mas a pessoa deve, sem dúvida, despender algum tempo a extroverter-se depois de se ter introvertido o dia todo.

Dar um Passeio é, dentro dos limites do bom senso, quase um cura-tudo.

Se um indivíduo se sente antagonista em relação à mulher, «bater-lhe» não é a coisa certa a fazer! A coisa certa a fazer é ir dar uma volta ao quarteirão até se sentir melhor e levá-la a dar a volta ao quarteirão no sentido contrário até atingirem uma extroversão da situação – uma vez que descobrir-se-á que todas as disputas domésticas, especialmente entre pessoas que trabalham, provêm do facto de as pessoas terem estado demasiado fixas (e não demasiado tensas) no seu trabalho e nas situações relacionadas com este. A pessoa falhou em controlar certas coisas no seu ambiente de trabalho. Depois ela vai para casa e procura alguma coisa que possa controlar. Isto normalmente é o cônjuge ou os filhos. E quando nem isso consegue controlar, é provável que ela desça a pique na Escala de Tom.

A extroversão da atenção é tão necessária como o próprio trabalho. Não há nada realmente errado na atenção introvertida ou no trabalho. Se a pessoa não tivesse nada em que se interessar, ela acabaria por ficar em fanicos. Mas se a pessoa trabalha, verifica-se que é provável que se instale um cansaço fora do normal. Quando se verifica ser este o caso, então a solução não é «cair na inconsciência» durante algumas horas – como durante o sono – mas de facto extroverter a atenção e depois ter um sono realmente repousante.

Estes princípios de introversão e extroversão têm muitas ramificações. E embora Dar um Passeio seja quase irrisório pela sua simplicidade, há processos muito mais complicados, caso alguém queira tornar-se mais complicado. Contudo, na maior parte das vezes, Dar um Passeio resolve um grande número de dificuldades associadas ao trabalho.

Lembre-se que, quando o fizer, ficará mais cansado a princípio e depois se sentirá mais revigorado. Este fenómeno tem sido observado por atletas. Chama-se o «segundo fôlego». Na realidade o segundo fôlego é obter ambiente e massa suficientes para «esgotar» a exaustão da última corrida. Não existe tal coisa como um segundo fôlego. Mas existe tal coisa como um regresso à extroversão no mundo físico em que vivemos.

Olhar Para Eles

Há um outro processo semelhante a «Dar um passeio» conhecido por «Olhar para eles».

Se passou o dia inteiro a falar com pessoas, se passou o dia inteiro a vender coisas às pessoas ou se esteve o dia inteiro a lidar com pessoas de trato difícil, o que não deve fazer é fugir de todas as pessoas do mundo.

Porque o indivíduo que fica demasiado tenso quando lida com pessoas teve grandes dificuldades com pessoas. Talvez tenha sido operado por médicos e a visão meio descortinada destes médicos à volta da mesa de operações leva-o a identificar «todas as pessoas» com «médicos» (isto é, todas as pessoas que estão paradas de pé). A propósito, esta é uma das razões por que os médicos se tornam tão odiados numa sociedade – porque eles insistem em práticas conhecidas como a cirurgia e a anestesia e esses incidentes ficam interligados com os incidentes do dia-a-dia.

Uma pessoa pode ficar exausta devido ao contacto com outras pessoas.

Um remédio é que a pessoa caminhe pelo meio de uma zona cheia de gente, olhando para as pessoas à medida que caminha.

À medida que ela olha para cada vez mais e mais pessoas. . .

. . . descobrirá que se sente mais gentil para com elas. Qualquer sensação de tensão em relação às pessoas podem desaparecer completamente.

A exaustão devida ao contacto com pessoas, torna realmente necessário que a «havingness» das pessoas tenha sido reduzida. E este esforço da atenção diminuiu o número de pessoas que ele estava a observar.

A cura para isto é muito simples. O indivíduo deve ir para um lugar que tenha muita gente – como uma estação dos caminhos-de-ferro ou uma rua principal – e deve simplesmente passear pela rua a reparar nas pessoas. Simplesmente olhar para as pessoas, é só isso. Passado algum tempo, verificar-se-á que ele sente que as pessoas «não são assim tão más» e terá uma atitude muito mais simpática para com elas. Mais importante ainda, a condição de ficar saturado com as pessoas no trabalho tende a desaparecer se ele praticar isto todas as tardes durante algumas semanas.

Esta é uma das coisas mais inteligentes que um vendedor pode fazer, visto que ele, mais do que os outros, tem um interesse pessoal em conseguir lidar com as pessoas e levá-las a fazer o que ele quer que elas façam (que é comprar o que ele tem para vender). Ao fixar a atenção em tantos clientes, cansa-se só de pensar em falar às pessoas e em vender e, cai emocionalmente em todas as suas operações e actividades e, começa a identificar-se com as diversas formas de um trapaceiro, e por fim já só considera que ele próprio não é absolutamente nada. Ele, tal como os outros, deve simplesmente procurar lugares cheios de gente e olhar para as pessoas enquanto passeia. Passado pouco tempo, ele verificará que as pessoas realmente existem e que não são assim tão más.

Uma das coisas que acontecem às pessoas em altos cargos governamentais é que elas estão continuamente a ser «protegidas do» povo. E ao fim de algum tempo, sentem aversão por todo este assunto e tendem a fazer todo o tipo de coisas estranhas. (Veja as vidas de Hitler e de Napoleão.)

Aplicação Geral

Este princípio de introversão e extroversão poderia ser aplicado numa sociedade de um modo muito mais extensivo do que está a ser actualmente. Há uma coisa que poderia ser feita – pelo governo e pelas empresas em geral – que provavelmente erradicaria a ideia das greves e aumentaria notavelmente a produção. Os trabalhadores que fazem greves estão normalmente descontentes, não tanto com as «condições de trabalho», mas com o próprio trabalho. Sentem que estão a ser vitimizados. Estão a ser pressionados para trabalharem em alturas em que não querem trabalhar. E uma greve surge como um alívio real. Eles podem lutar contra alguma coisa. Podem fazer mais do que ficar ali de pé a manipular uma máquina ou livros de contabilidade. Trabalhadores insatisfeitos são trabalhadores grevistas. Se as pessoas ficam exaustas no trabalho, se estão descontentes com o trabalho, se estão transtornadas com o trabalho, pode-se contar com o facto de que elas vão encontrar um número suficiente de queixas para fazer greve. E se a administração tiver bastantes aborrecimentos e falta de cooperação por parte das pessoas nas cadeias de comando inferiores, é certo que, mais cedo ou mais tarde, a administração criará situações que levarão os trabalhadores à greve. Por outras palavras, as más condições de trabalho não são realmente a razão das dificuldades e disputas laborais. O cansaço do próprio trabalho, ou uma incapacidade de controlar a área e os ambientes de trabalho, são a verdadeira causa das dificuldades laborais.

Qualquer administração com rendimentos suficientes para o fazer, desde que não seja uma administração terrivelmente aberrada, pagará salários decentes. E qualquer trabalhador a quem seja dada uma oportunidade cumprirá alegremente os seus deveres. Mas assim que o próprio ambiente se torne demasiado tenso, assim que a própria empresa se tenha tornado introvertida por «actos manifestos» da parte do governo, assim que os trabalhadores tenham visto que não têm qualquer controlo sobre a administração – então podem ocorrer disputas laborais. Contudo, subjacentes a todos estes princípios óbvios, encontramos os princípios de introversão e extroversão. Os trabalhadores ficam tão introvertidos nas suas tarefas que já não são capazes de sentir afinidade pelos seus dirigentes e já não são capazes de realmente ver o ambiente em que trabalham. Por conseguinte, alguém pode chegar e dizer-lhes que todos os executivos são ogres, o que obviamente, por seu lado, também não é verdade e, a nível dos executivos alguém pode chegar e dizer-lhes que todos os trabalhadores são ogres, o que, obviamente, por esse lado, tão pouco é verdade.

Na ausência de um tratamento geral dos indivíduos, o que é uma tarefa gigantesca, poderia elaborar-se um programa completo que resolvesse o princípio da introversão. É certo que, se os trabalhadores ou gerentes ficassem suficientemente introvertidos, encontrariam então meios e caminhos para inventarem jogos aberrados como as greves e assim, desfazer a produção, as relações cordiais e condições de vida dentro da fábrica, do escritório ou do negócio.

A cura seria extroverter os trabalhadores numa escala muito grande. Isto poderia ser feito, como uma solução, dando aos trabalhadores a possibilidade de terem dois empregos. Seria necessário que a empresa ou interesses afins – tais como o governo – realmente oferecessem um número suficiente de «projectos de obras públicas» que proporcionasse trabalho aos trabalhadores fora da sua esfera exacta de aplicação. Por outras palavras, uma pessoa que tenha de trabalhar continuamente dentro de casa, e numa tarefa muito fixa, encontraria um alívio considerável se pudesse ir trabalhar ao ar livre – especialmente numa tarefa não relacionada com a sua.

Como um exemplo, para o contabilista seria um grande alívio poder abrir valas por algum tempo. Um maquinista, que opere uma máquina estacionária, achará uma experiência divertida conduzir uma escavadora.

Um plano como este realmente pegaria na introversão e extroversão com uma grande mão amiga e levá-las-ia a efeito. Seria então permitido aos trabalhadores que estão a trabalhar em posições fixas, com a sua atenção muito perto de si, olhar para mais longe e manobrar as coisas que tendiam a extrovertê-los. Um programa destes seria muito ambicioso. Mas verificar-se-ia com certeza que ele resultaria em melhores relações entre os trabalhadores e a gerência, mais produção e uma diminuição considerável da tensão pública e do trabalho no que se refere aos empregos e aos salários.

Em resumo, poderiam fazer-se muitas coisas com o princípio básico da introversão-extroversão.

O princípio é muito simples. Quando um indivíduo se torna demasiado introvertido, as coisas que o rodeiam tornam-se menos reais, ele tem menos afinidade por elas e não consegue comunicar bem com elas. Numa condição destas, ele cansa-se facilmente. A introversão resulta em esgotamento, exaustão e depois numa incapacidade para trabalhar. O remédio para isto é a extroversão – olhar bem para e comunicar com o ambiente mais geral. E a menos que isto seja feito, considerando que qualquer trabalhador está sujeito a ferimentos ou doenças de um tipo ou outro, o resultado será uma espiral descendente que torna o trabalho cada vez menos agradável, até que por fim, nem sequer pode ser executado. E temos a base não apenas de uma sociedade improdutiva, mas também de uma sociedade criminosa.

aumentado, adicionado ou intensificado.

literalmente, atirar alguma coisa (especialmente alguma coisa leve). Portanto, virado ou direccionado no sentido de alguém ou de alguma coisa.

incapaz de ver ao longe.

amor, afeição ou qualquer outra atitude emocional; o grau de afecto. A definição básica de afinidade é a consideração de distância, quer seja boa ou má.

livrar-se de ou extenuar a influência negativa de algo.

interesse especial em algo por razões pessoais específicas.

Adolf Hitler (1889–1945), líder político alemão do século XX que teve o sonho de criar uma raça superior que governaria por mil anos como o terceiro Império Alemão. Tomando o poder da Alemanha pela força em 1933, como ditador, ele começou a Segunda Guerra Mundial (1939–1945), submetendo uma grande parte da Europa ao seu domínio e assassinando milhões de judeus e outros considerados «inferiores». Ele cometeu suicídio em 1945 quando a derrota da Alemanha estava eminente.

Napoleão Bonaparte (1769–1821), líder militar francês que subiu ao poder em França através da força militar, declarou-se imperador e conduziu campanhas de conquista por toda a Europa até à sua derrota final. Meio milhão de homens morreram nas Guerras Napoleónicas (1799-1815).

circunstâncias atuais ou supostas vistas como causa justa para protestar.

pessoas que parecem ferozes e cruéis. A palavra vem de um conto de fadas onde um monstro gigante (ogre) come humanos.

quanto pior um indivíduo ou situação fica, maior capacidade ele tem para ficar pior. Espiral aqui refere-se a um movimento progressivo no sentido descendente, que marca um estado continuamente deteriorante das circunstâncias, e pensadas como tomando a forma de uma espiral. O termo vem da aviação onde é usado para descrever o fenómeno de um avião a descer e em espiral em círculos cada vez mais pequenos, como num acidente ou proeza de voo perito, que se não for manejado pode resultar na perda de controlo e numa colisão.